Sou profissional de jornalismo e relações públicas há mais de 30 anos.
Fui a primeira assessora de imprensa a trabalhar exclusivamente com as ciências
da saúde. Perdi a conta de quantos clientes tive - médicos, dentistas, psicólogos,
clínicas, hospitais e associações médicas. Até para um anatomista, o
mundialmente conhecido e eternamente querido Professor Doutor Liberato J. A. Di
Dio, eu trabalhei. Com ele, organizei o lançamento da nova Nomina Anatomica, em
São Paulo – em 1997.
Escrevi livros (ghostwriter) para vários médicos, editei o Tratado de
Anatomia Aplicada (do professor Di Dio) e revistas de associações médicas.
Escrevi (e escrevo) inúmeros discursos e artigos. Por conta do meu trabalho
conheci a fundo o mundo da Medicina, reportando e divulgando basicamente todos
os assuntos das ciências da saúde. Houve um tempo em que os pauteiros das principais
redes de TV me ligavam para obter uma sugestão de matéria de saúde.
O doutor Olympio
Faissol Pinto, famoso dentista das estrelas, me chamava de 'a jornalista
das causas polêmicas’, por conta de dois livros que traduzi e editei: “O Câncer
foi Derrotado”, do médico e pesquisador japonês Kiichiro Hasumi, e “Amálgama: A
Tóxica Bomba Relógio”, do cientista americano Sam Ziff. Os dois livros foram muito
divulgados e criaram grandes polêmicas com médicos e dentistas, em todo o mundo.
O médico japonês foi chamado de picareta (daí para baixo), ele defendia o
tratamento por imunoterapia para vários tipos de câncer. A briga com os médicos
brasileiros foi feia, mas hoje as chamadas Vacinas Hasumi tem respaldo de
universidades japonesas e americanas, e a imunoterapia do câncer não é mais
tabu.
Já o americano Sam Ziff combatia ferozmente a combinação – amálgama – de
prata e mercúrio para fazer as obturações nos dentes cariados. Ele dizia que o
metal pesado dentro da boca produzia radicais livres que levavam a inúmeros e
sérios problemas de saúde. Foi execrado na época, só não o chamaram de ‘lindo’.
Hoje já não se usa mercúrio na Odontologia e as reações de radicais livres são objeto
de pesquisas científicas e ninguém brinca com elas.
E Angela, na época Arantes, no meio disso tudo – a parte mais fraca, porém
briguenta. Agora, caminhando para o outono da minha carreira, lá vou eu no
abraço de uma nova, enorme, polêmica: o lançamento de meu primeiro livro
autoral ‘Tudo por um Monstro – O outro lado do caso Roger Abdelmassih’.
Foram 14 meses de trabalho de pesquisa e leitura: documentos judiciais, estudos
científicos (em 4 idiomas), praticamente todas as matérias publicadas sobre o escândalo,
livros, artigos e dissertações acadêmicas. Muita conversa também. O resultado é
um livro-reportagem, e um pouco da biografia do médico, que mostra os sinistros
bastidores do escândalo que o derrotou. Mais importante, o livro é um roteiro
de como a combinação ‘maus jornalistas e falsos testemunhos’ se orquestram para
alimentar o assassinato
de reputações.
Sei que a luta é quixotesca, mas parece que foi para isso que aprendi a
escrever – para enxergar e reportar o lado que ninguém quer ver. Quem sabe, um
dia, assim como a imunoterapia para o câncer e dos radicais livres provocados
por mercúrio, as evidências mostrem que eu tinha razão, também, nesta polêmica.
O tempo dirá. Por enquanto, vamos à briga.
(Vou enviar um exemplar para o Dr. Olympio, não posso esquecer).
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